sábado, 27 de dezembro de 2008

PESSOAS APAIXONADAS.


Duas pessoas estão completamente apaixonadas. É como se tivessem perdido a cabeça, e nisto se sentem muito felizes. Durante um encontro do casal aparece um ladrão com uma pistola e diz: “Dêem-me o dinheiro.” Toda a felicidade do casal desaparece e começa o pânico. A cabeça que tinham perdido volta a estar lá, cheia de medo, sofrimento, pensamentos colidindo em alta velocidade. Isso é a mente ordinária. Está mudando constantemente, feliz num momento e infeliz no seguinte, conforme as condições exteriores.Por outro lado, pensemos num homem concentrado em recitar um mantra. Sua mente não se move em absoluto. Não existe dentro nem fora, apenas o verdadeiro vazio. Aparece o ladrão: “Dê-me o dinheiro!” Mas o homem não tem medo. Só existe o mantra “Om mani padme hum. Om mane padme hum.” “Dá-me o dinheiro ou eu te mato!” O homem não se importa com a ameaça. Já não existe vida nem morte. Não tem medo absolutamente nenhum.Noutro exemplo, a mente está clara. Esse homem mantém sempre a grande mente-espelho da autêntica compaixão. Aparece o ladrão: “Dá-me o dinheiro!” O homem diz: “Quanto você quer?” “Tudo!” “Muito bem” E ele dá ao ladrão todo o seu dinheiro. Não tem medo, mas sua mente está muito triste. Está pensando sobre o ladrão: “Por que fazer isso? Agora tudo saiu bem, mas no futuro você sofrerá muito.” O ladrão olha para ele e vê que ele não tem medo, que no seu rosto se reflete infinita compaixão. Isto confunde o ladrão. O homem já está assim a indicar o caminho correto ao ladrão, que talvez um dia, mesmo dentro de muitos anos, o recorde e seja capaz de ver e ouvir. A mente clara é a mente do amor absoluto. É a liberdade perfeita. Se você tem desejos egoístas, seu amor não é verdadeiro amor, mas depende de muitas condições; e se estas mudam, você sofre. Suponha que você ama muito alguém, e que esta pessoa o ama também. Você sai de viagem, e quando regressa descobre que ela procurou outro amante. Seu amor se transforma em cólera e ódio. Um amor tão pequeno contém sempre as sementes do sofrimento. O amor grande não conhece o sofrimento; é somente amor e está acima da alegria e acima do sofrimento.
(versão não literal de um trecho duma conversa de um discípulo com o mestre zen Seung Sahn, nascido em 1927 na Coréia, consistindo esta em parte de uma resposta)

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