sábado, 7 de fevereiro de 2009

EM GUERRA COM AS ESTRELAS,BY BRUNO MEDINA EM INSTANTE POSTERIOR, NO G1.

Atire a primeira pedra quem nunca saiu de uma sala de cinema com a impressão de que o desfecho poderia ter sido diferente. Que determinado personagem merecia maior destaque, ou mesmo que o filme assistido deveria ganhar uma continuação. Se há pouco mais de uma década orçamentos milionários delimitavam o alcance do monopólio dos produtores de Hollywood, isto pode estar prestes a mudar; a democratização do acesso à tecnologia se encarregou de colocar uma pedrinha no sapato destes que pareciam desconhecer qualquer forma de concorrência: bem-vindos sejam à era dos fan films.
Para quem ainda não está familiarizado com o termo os fan films são filmes de baixo orçamento –normalmente disponibilizados através da web- produzidos por fãs de longas-metragens, programas televisivos ou histórias em quadrinhos. A ideia dos realizadores basicamente é interpretar seus personagens preferidos, recriando versões para obras já existentes ou mesmo adicionando episódios inéditos à saga dos ídolos. Jovens cineastas aproveitam o ensejo para adquirir experiência e embarcar no desafio que representa retratar conhecidos enredos a partir de seus próprios pontos de vista.
Talvez seja excesso de otimismo considerar os fan films uma ameaça ao modelo vigente na indústria cinematográfica, mas o fato é que a moda, oportunamente registrada em película por Michel Gondry, começa a incomodar. Alguns grandes estúdios como a Paramount Pictures e a DC Comics se mobilizam no sentido de desencorajar e restringir a produção e a exibição de filmes amadores contendo referências a elementos que estejam sob direito de exploração autoral.
Endossando a legitimidade deste movimento, na contramão do entendimento dos poderosos, a Lucasfilm’s criou uma premiação para incentivar as melhores paródias de “Guerra nas Estrelas”. O empenho dos fãs também será homenageado na mais recente edição de “Jornada na Estrelas” para as telonas, com estréia prevista em maio. O ator que interpretou Spock numa produção amadora foi contemplado com o privilégio de fazer uma ponta no filme oficial.
Recentemente o trailer de uma montagem paralela de “Senhor dos Anéis” incitou uma nova onda de debates sobre o tema. Trata-se de uma sequência de 30 minutos que se propõem a dar segmento à série. A produção de 10 mil reais rodada nos subúrbios londrinos só conseguiu se viabilizar graças ao trabalho voluntário de centenas de profissionais. O resultado, diferente do que se possa imaginar, é de causar frio na barriga em qualquer figurão de Los Angeles. Se a trilogia original consumiu 600 milhões de dólares, vale conferir o que estes caras aparentam ter conseguido fazer pelo preço de um carro velho.
Pode até não ser para agora, nem para tão cedo, mas parece inevitável concluir que o aspecto financeiro torna-se cada vez menos relevante na produção artística deste século. Na música esta tendência determinou o declínio dos tradicionais estúdios de gravação frente ao aprimoramento dos métodos caseiros. Considerando a quantidade de câmeras de alta definição e ilhas de corte que se multiplicam a todo momento por aí, diria que é questão de tempo um destes gênios precoces ser içado à fama antes mesmo de aprender a dirigir. Quem ficou curioso pode conhecer aqui o que vem pela frente.
Este post foi publicado em Instante Posterior, Sexta-feira, (06/02/2009), às 12h39.

Um comentário:

  1. Amigo Valdo, como sempre, os seus textos são belos, actuais, pertinentes...

    Com amizade,
    Alexandra

    Tenho no meu blog um "miminho" para si - espero que goste!

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